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sábado, 9 de julho de 2011

Dear IX

Depois de toda dor, decepção e perda, havia em mim, outra vez, um feto – o meu feto. Tanto tempo se passara, tanta coisa mudara. Meu Joe voltara pra mim, outra vez; eu estava tão feliz de novo. Eu tinha literalmente voltado a mim.
Os olhos de Joe estavam pairados sobre mim. Ele não escondera momento algum toda felicidade que sentira. Eu podia ouvir os seus batimentos cardíacos. Forte e alto.
– Mag, não sei o que dizer. As lágrimas rolaram sob o seu rosto e aquele sorriso maravilhoso quase batia na testa.
– Não fale então, meu amor. Eu também não sei ao certo, mas, sinto falta da Sophie... Lágrimas de alegria e tristeza vieram à tona. Não fazia sentido sem a pequena Sophie. Nunca fizera, mas esse novo bebê seria a minha salvação.
– A nossa. Sussurrei.
– Quê? A nossa o quê? Joe não entendera o que eu dissera.
– Nada amor. Pensei alto. Seremos muito felizes, só isso.
Ficamos ali sentados por algum tempo; sorrindo e chorando. Abraçamos-nos por um longo tempo e acabamos adormecendo no sofá mesmo.

Eu tivera acordado com a claridade batendo no rosto e um leve enjôo. Sentir enjôos era relativamente bom. Quando eu estava gravida de Sophie, eu não sentira nada, só dor.
Hoje eu tinha muitas coisas a fazer então não poderia ficar deitada na cama o dia inteiro. Joe já tivera ido trabalhar e eu estava sozinha em casa. Eu e meu lindo feto.
– Que fome, mamãezinha! Alisei o meu pequeno broto e fui até a cozinha sem saber ao certo o que iria me satisfazer hoje.
Por dias, eu só fazia comer e dormir.
– Ovos, não. Pão, não. Hum... Nada de frutas. Sorri quando ouvi um ronco vindo do meu estômago. Ultimamente eu estava emotiva  demais. Sorrisos demais ou lágrimas demais.
– Que tal panqueca? Isso, panqueca com mel.
Comer não era o problema, mas sair da cama era um martírio.
Além de preparar o quarto do bebê, eu tinha que fazer os preparativos do casamento que seria no mês que vem.
– Como me cansa. Sorri. Mesmo com todo – cansaço – ter este trabalho era bastante agradável.

– Oi doutor.
– Margareth, bom dia, como você está? Ele me deu um abraço confortante. Joe não gostava muito dessa intimidade, mas Jorge era meu ginecologista há anos, então eu não ligara muito para os ciúmes bestas do me futuro – oficial – marido.
– Jorge, nós estamos bem. E você, como vai? Retribui com um sorriso a mais.
– Bem. E ai? Ansiosa pra saber se é menino ou menina?
Meu coração ficou pequeno feito grão de arroz. Fiquei com medo e não sabia se tinha alguma preferência. Fiquei um pouco nostálgica ao lembrar-me da pequena Sophie...
– É, acho que sim. Sorri gentilmente.
Deitei naquela maca querendo voltar correndo para casa. Estava aflita e com muito medo. Resolvi fechar os olhos e não ver. Tentei dormir, mas era praticamente impossível com aquele gel melequento e gélido na minha barriga.
– Do que está rindo garota?
– Faz cócegas. Sorri.
– Ah, a maioria sente. Jorge sorriu levemente e abriu um largo sorriso logo após.
– O que? O que foi? Comecei a ficar histérica.
– Posso dizer?
– NÃO! Gritei e pude sentir a repreensão de Jorge com a minha atitude.
– Calma Margareth, o que foi?
– Estou com medo. Dos meus sentimentos, talvez...
Eu queria muito que Joe estivesse ali comigo, mas entendia a sua ausência. Agora ele trabalhara dobrado para podermos nos casar e arrumar o quarto do bebê.
– É menina, pronto falei. Eu estava de olhos fechados novamente, presa nos meus pensamentos quando Jorge falou tão rapidamente que mal pude escutar. Mas ele conseguira tirar minha concentração.
– Não escutei, desculpe. Gaguejei.
– Menina, eu disse: ME-NI-NA!
– Tá Jorge, eu entendi. Sussurrei de forma grosseira.
Realmente eu não sabia o que pensar e sentir. Joe ficaria saltitante com a notícia. No primeiro momento tive repulsão – ninguém vai ocupar o lugar dela – mas não vai mesmo. Esta nova criança veio para tornar-me ainda mais feliz. Salvação, Mag, lembra? Pensei.

Ao chegar em casa já estava faminta de novo, mas antes de comer eu precisava tomar aquela velha e boa ducha. Joe ainda não chegara do trabalho – por um breve momento dei graças a Deus. Eu precisava pensar um pouco a respeito de tudo isso – outra menina.
A água quente caia sob o meu corpo fazendo-me sentir calafrios. Passara um filme em minha mente – toda dor e desespero que havia passado nessa vida, todo sofrimento e (des) apego. Mas e meses atrás? Joe tivera voltado, agora estamos felizes de novo, quer dizer, ainda mais felizes. Hoje estou grávida novamente de outra menina – Lágrimas caíram e me ajoelhei ao chão – Que saudade de você, Shophie. Gemi. Abracei minha nova filha.
– Nada vai tirar você da minha memória, nada vai nos separar. Você é minha eterna, sempre será. Você sempre será minha primeira filha, não se preocupe que jamais será substituída, eu prometo, Sophie. Falei aos prantos. Logo ouvi barulho de chave, levantei-me e fui começar o banho. Lavei o rosto e tentei me recompor.
– Mag? Joe me chamara ainda da sala. Mas afinal, há quanto tempo eu estava no banho?
– Estou no banho, Joe. Gritei.
– Também estou precisando. Pude ouvir o seu sorriso maléfico.
Quando entrara no boxe, olhei seus olhos e o abracei o mais forte que pudera.
– Como foi hoje? Ele sussurrou ao meu ouvido.
– Normal. Rosnei.
– Ei, que má criação é essa? Como foi? Ele me fitara.
– Bom, Jorge dissera que era uma me-menina. Gaguejei.
– Sério Mag? NOSSA! A felicidade de Joe era contagiante. De certa forma foi contagiante vê-lo feliz daquele jeito. Nada mais justo. De fato era a sua primeira filha. Então foi ai que sorri pela primeira vez após a notícia – verdadeiramente.
– Tive medo. Sussurrei.
– Imagino meu anjo, deve ter sido difícil para você ir sozinha – de novo. Ele amoleceu.
– De certo modo, sim. Mas por que você chegou assim tão cedo? Indaguei.
– Queria vê-la o mais rápido possível. Eu sabia que não estaria bem. Que carinha de choro é essa meu bem?
Sorri levemente – Você é perfeito. Por que hein? Encostei meus lábios nos dele.
– Eu te amo só isso. Mas não enrole e fale o que foi que houve?
Ele ficara sério e eu simplesmente amava quando ele ficava daquele jeito – bravinho.
– A Shophie... Estava prometendo-lhe que jamais a abandonaria. Essas coisas, Joe. Abaixei a cabeça e encostei-me a seu peito quente.
Ele assentiu e disse que não me preocupasse, afinal, tudo seria diferente agora.

Ele deu-me banho, beijou-me, conversou com a nossa nova filha e acariciou-a. Não pudera existir homem mais perfeito para mim nesse mundo. Anos poderiam se passar e continuaríamos sendo sempre: Nós.
– A nossa – nova filha – precisa de um nome. Sorri.
– Sim, eu sei. Eu queria que você cuidasse disso. Falou enquanto se enxugara.
– NÓS vamos decidir isso junto, Joe. Não fazia sentido eu escolher o nome da nossa filha sozinha, eu quisera dividir tudo com Joe a partir do dia que ele (re) cruzou o meu caminho.
– Jessie. Ele sussurrou.
– Jessie. Perfeito. Sorri e fui a sua direção para abraçá-lo por trás. Ele virou-se para mim e não pensou duas vezes, beijou-me descontroladamente e me levou para cama. Fome não me viera à cabeça. Afinal eu estava grávida e não morta.

Um comentário:

  1. Oii!
    Obrigada pela visita e pelo elogio :)
    Me desculpa pela demora em responder, é que meu blog tá meio doido pra me deixar logada.. hehe
    beijo grande!!
    http://vestidadesonhos.blogspot.com/

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