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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Dear V

Aquelas palavras me acertaram feito flecha de um cupido, mas não no sentido de fazer-me apaixonar por ele, eu sempre fui completamente apaixonada por aquele homem. Minha cabeça martelava. Uma dor constante e aguda, perturbadora. As flores estavam caídas ao chão e eu não havia notado. Estava perplexa. Eu não esperava por aquelas palavras. Chorava e sorria ao mesmo tempo, conturbações de sentimentos.
Eu iria ter uma nova chance de vê-lo, por vontade dele. Ele ainda me queria, importava-se comigo. Ele ainda amava-me, sempre amou. Eu sabia que havia algo a mais naquela frase: “espero vê-la em breve, na nossa casa”.
Fazia muito tempo que não ia ao meu apartamento, ao nosso apartamento. Não havia mais móveis, eu havia doado tudo para uma instituição carente logo quando ele se mudara para Michigan. Nada de lembranças.
Peguei as flores caídas, livros e bolsa e corri para o carro. Eu tinha que voltar. Meu sexto sentido pulsava forte dentro de mim.
O apartamento não ficava tão longe da faculdade, logo eu chegara. Estacionei o carro de qualquer jeito, mas não conseguia mover-me. Estava estática.
Com o olhar fixo no infinito, as lágrimas não podiam ser contidas. Criei coragem e subi.
As portas já estavam entre aberta, dentro de mim não existiam mais forças, eu não tinha coragem de adentrar. Minhas pernas tremiam. Eu podia sentir a sua respiração, eu podia ouvir os seus passos. Encostei o rosto na parede para concentrar-me, obter forças de onde não mais existia.
O rangido da porta fez com que minha coluna arrepiasse, ele estava se aproximando e não fazia sentido algum. – Sem contatos, lembra? –
Aquele timbre de voz inconfundível, rouca e suave, atravessou os meus ouvidos – Você veio. – Eu podia sentir o entusiasmo e a dor na sua voz. Eu não me virei, ele afagou meu cabelo e colou seu corpo ao meu – Que saudade do seu cheiro, continua o mesmo, continuou.
O silêncio pairava e ecoava durante muito tempo. Ele ainda me abraçara, mas eu ainda não tivera criado coragem para ver aquele olhar, aquele belo rosto.
– Eu sei Mag, errei muito com você. Você veio. Você me escutou. Apenas olhe para mim, tenho tanto a te dizer, temos tanto o que conversar... – Ele começou a falar descontroladamente e a minha mente estava tão confusa, tinha que calá-lo de alguma forma, então, virei sem dar-lhe tempo de perceber as minhas lágrimas e pressionei os meus lábios contra o dele. Ele calou. Beijamo-nos durante um bom tempo, parecia uma eternidade. Mas logo comecei a ficar com falta de ar. Lentamente, afastei-me e continuei de cabeça baixa, os cabelos escondia toda minha tristeza. Eu já havia parado de chorar, mas minha respiração estava ofegante. Ele sorriu. Aquele riso, o meu sorriso, o meu Joe.
– Ei, deixa de ser besta garota, olha pra mim, estou aqui para tudo que precisar, lembra-se?
Ainda de cabeça baixa, lutei contra a dor e gaguejei – Voc... Você não pode agir como se nada tivesse acontecido, Joe.
Eu podia sentir a sua garganta secando. – Sabe Mag, eu vim em paz. Nós precisamos nos acertar e tentar esquecer tudo que se passou. Temos que conversar e por tudo em pratos limpos. Preciso que você escute-me e tire todas as minhas dúvidas.
Criei coragem e olhei nos seus olhos, tremi.
– Nossa Mag, você está ainda mais linda. Quanto eu perdi. Sussurrou.
Eu podia sentir meu rosto corando, mas não fracassei, meu olhar continuou fixo, dando-lhe a palavra.
– Suplico que me perdoe por tudo de errado que fiz até hoje. Por ter sido tão infantil, não ter perguntado-lhe o que havia de errado naquele momento. Afinal, o que foi que houve com você antes de chegar aqui, na no... Nossa casa. – Esse assunto doía-me eu não podia contar-lhe o que acontecera comigo naquela tarde, fazia parte do meu passado, do nosso passado, mas ele não tinha conhecimento de absolutamente nada.
– Joe, você não foi o único que errou. Se eu tivesse ao menos procurado por você após a nossa discussão, talvez tanta coisa não teria mudado na minha vida, na nossa vida.
– Mas eu também poderia ter ao menos telefonado pra você... Sussurrou.
– Não importa Joe, não vamos querer agora apontar de quem foi o erro. Nós erramos. – Houve uma pausa.
– Não pare Mag, continue o seu raciocínio, você ainda não me disse o que foi que houve...
– Ainda dói, Jo. – As lágrimas voltaram e ele afagou meu rosto com as mãos. – Estou aqui meu amor, para acabar com toda a sua dor.
– A minha dor nunca poderá ser contida, você não entenderia.
– Explique-me, tenho todo tempo do mundo. Suplicou. – O silêncio pairou no ar, as lágrimas agora ficaram tão intensas que provocara alterações na minha voz.
– Depois da aula, eu disse-lhe que iria à casa da M e você viria para casa, lembra-se? – Ele confirmou com a cabeça dando sinal para eu prosseguisse.
– Bom, não foi exatamente isso que aconteceu. – Mordi os lábios – Eu passei na casa da Mary, mas não fiquei lá por muito tempo. Ela me acompanhou ao médico. - Eu podia sentir a sua inquietação, ele não estava entendendo absolutamente nada.
– Por que você não me chamou para acompanhar-lhe?
– Eu queria poupar-lhe, Jo. Eu tinha ido lá algumas vezes sozinha fazer exames rotineiros, mas naquele dia eu recebi uma ligação do laboratório mandando que eu fosse o mais depressa possível. Eles tinham uma notícia sobre os meus exames.
– Quais exames? O que foi que houve Margareth? – Ele estava ficando completamente histérico.
– Acalme-se Joe. Deixe-me explicar. – Respirei fundo e prossegui – O doutor não negava a sua preocupação. Eu poderia ver no seu rosto que tinha algo de errado. E ele não soube por onde começar. Peguei o envelope, abrir. Sentei-me na cadeira e passei o olho por todas aquelas letras e números, não entendia absolutamente nada. Olhei para o doutor e ele disse-me “Margareth, você tem dezoito anos garota, tão jovem.”, eu estava desnorteada e perguntei-lhe o que estava acontecendo, o por que daquela tensão toda, foi então que ele disse-me que o exame tinha dado positivo. – Sentei-me no chão, eu já não tinha forças para continuar em pé. Joe estava estático na minha frente, perplexo e abatido, afagou meu rosto com força e gritou
– Você está doente Mag? Eu não vou sobreviver sem você. Por favor, diga-me que estou errado.
– Você sobreviveu sem mim, Joe. Ora, deixa-me terminar que você vai entender. – Ele sentou-se ao chão do outro lado do corredor e pôs a cabeça sobre os joelhos.
– Quando cheguei aqui em casa e dei de cara com toda aquela situação, eu me descontrolei. Eu estava desnorteada e perdida. A gente discutiu e ambos seguimos caminhos diferentes. Além de ter ficado sem namorado, amigo e família, eu esperava um filho seu. – Minha voz falhou ao dizer a palavra filho. Meu coração sangrava. Eu pude perceber o seu olhar sob mim. Ele não sabia o que falar, eu chorava com a mão sob o peito e ele me abraçara como nunca tivera feito antes, mas ainda desnorteado.

7 comentários:

  1. camila, que coisa linda é essa?
    vai ter mais?
    amei, sem mais.

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  2. Obrigada Adi, vai ter sim... Deixe vir na mente o resto da história... obrigada rs

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  3. Nossa, seus textos são perfeitos, você escreve muito bem camilinha

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  4. Como assim? COMO ASSIM? rs
    Menina, que feio. Parar assim no auge do suspense, como um capítulo de livro ou cena de novela *-*

    Tá lindo, muito bem escrito e as palavras fluem tão bem que eu pude ver as cenas, ela, ele... Tudo.
    Continue. Espero que continue! *-*

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  5. [aaaaaaaaaaa]que vicio ! Mais um pra minha coleção ! Vicio é pecado camila ! Eu vou pro inferno por sua causa ! uahsiasuaisausi'
    muiito lindo *---*

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