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sábado, 25 de junho de 2011

O amor da Lua.





Noutro dia me deu uma grande vontade de ir à lua. De lá pude observar algumas coisas que nunca tivera percebido. Fiquei sentida.
Como ela sofre. Como se sente só. Como sente frio durante o “dia”. Quanto fardo, não?
Quando o sol vai deitar-se, finalmente a lua pode beijar o mar. Que vista.
Ela preocupa-se em permanecer o seu brilho intacto, do inicio ao fim da noite.
Há casais enamorados na praia e na praça. Há casais separados observando-a da varanda. Há pessoas registrando-a com algum tipo de luz, não sei ao certo, está tão distante que não consigo discernir. Flashes? Faz sentido...
As lágrimas que as fazem derramar. Lentes de aumento que a observam cautelosamente. Inspirações. Quantas emoções. Quanta responsabilidade. Quanto envolvimento.
Eu literalmente abracei a lua quando a vi chorar. Nunca tivera imaginado que ela pudera sentir tamanha dor. Quem, logo quem, a Lua. Aquela que une tantas pessoas e faz noites especiais, independente de fase.
A dor que ela sente, é de encolher qualquer pessoa a um cantinho escuro. Agora sim eu posso entender tamanho sofrimento ligado à tamanha beleza.
Ela dar o que não pode ter. Amor, carinho, atenção, afeto. Luz. Sei que é uma estrela, única, e tem luz própria, mas refiro-me a outro tipo de luz. Uma luz que vem de dentro e explode. Uma luz recíproca. Vocês aí de baixo conhecem, tenho certeza. Na verdade, ela dá, mas não recebe. É impossível. Sempre será.
Há séculos que ela procura por esse alguém, por essa luz, por esse calor, mas não o encontra. Onde diabos ele pode estar? Bom, eu sei, ela também. Você, você aí que está admirando-a, sabe onde se encontra o amor? Não, eu não me refiro ao seu amor, ele está aí do seu lado, estou vendo daqui. Falo o da lua. Alguém viu? Sim, todos vocês. Até mesmo eu vejo diariamente. Mas a lua não. Ela não o vê.
Ela não se cansa em fazer relações métricas, assimétricas, seja lá qual for para poder encontrar a sua paixão. Aí em baixo dizem que os opostos se atraem, mas aqui do alto, as coisas são um pouco diferentes. Ela vai passar a vida inteira procurando uma forma de poder ser feliz, mas nunca será, porque enquanto ela ilumina e encanta as nossas noites, ela chora baixinho, chamando pelo seu amor. Mas o problema todo é que ele nunca responde, eles não se cruzam, não se encontram e nunca vão se encontrar. Só em sonhos.
Depois de ouvi-la de tão perto, pude perceber o quão injusta sou muitas das noites, muitos dos dias com as pessoas que tenho tão próximo de mim. Pessoas que amo.
- Agora que sei do seu segredo, minha amiga, eu vou mudar um pouco as minhas atitudes. Obrigada por abrir meus olhos, foi um prazer conhece-la. Sinto-me na obrigação de fazer algo por ti, o que posso fazer?
- Apenas diga ao Sol que eu jamais desistirei dele, nem que para isso eu tenha que deixar de existir.
Triste e realizada, voltei para casa e a partir desse dia, as coisas ficaram diferentes.
Eu até tento conversar com o sol, mas é uma pena, ele também me destruiria. Tenho pra mim que ele não gosta muito de companhia. Isso é triste porque ele não escolheu ser assim. Diferente.
Mas eu sei que ele tem algo de especial, assim como todas as pessoas que têm suas diferenças, somente pelo fato de existir.

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